A ficção de António Lobo Antunes: uma legião de sons dentro do silêncio

Title: A ficção de António Lobo Antunes: uma legião de sons dentro do silêncio
Variant title:
  • The fiction of António Lobo Antunes: a legion of gibberish inside silence
Source document: Études romanes de Brno. 2016, vol. 37, iss. 1, pp. 39-46
Extent
39-46
  • ISSN
    1803-7399 (print)
    2336-4416 (online)
Type: Article
Language
License: Not specified license
 

Notice: These citations are automatically created and might not follow citation rules properly.

Abstract(s)
Num episódio do Evangelho de São Lucas, Jesus se encontra com um homem possuído por espíritos malignos e pergunta por seu nome. "O meu nome é legião", responde, "porque somos muitos". Pois é este o título do romance que António Lobo Antunes publicou em 2007. O meu nome é Legião começa como um relatório policial que descreve a vida de uma gangue numa zona a que se chama simplesmente Bairro e que pode evocar qualquer bairro periférico de uma grande cidade, embora seja um bairro afastado de Lisboa. O inquérito redigido por um policial desiludido relata os atos violentos cometidos por oito jovens ao longo de uma madrugada. Este artigo reflete sobre este mosaico de múltiplas vozes que revela as desigualdades e a violência urbana, mas também questiona qual é, de fato, o mal que invade como demônios.
In an episode of Luke's Gospel, Jesus meets a naked and disfigured man, haunted by evil spirits, and asks for his name. "My name is Legion", he replies, "for we are many". The novel My name is Legion, published by António Lobo Antunes in 2007, begins as a police report, which describes the life of a gang in an area simply called Bairro (neighborhood). It can evoke any peripheral neighborhood of a big city, although it is around Lisbon. The investigation report, written by a disillusioned police officer, accounts the violent acts committed by eight young offenders during one dawn. The novel turns into a story of multiple voices, creating a mosaic of contrasts on injustice and pain. Among them, we hear versions by kids who were unloved, abused, excluded in childhood. After all, the book, which deals with inequalities (racial, social, geographical), urban violence and evil that invades as demons, also speaks of love for humanity and compassion.
References
[1] Antunes, A. L. (2007). O meu nome é Legião (3ª ed./ 1ª ed. ne varietur). Lisboa: Dom Quixote.

[2] Antunes, A. L., & Vitorino (il.). (1994). História do hidroavião. Lisboa: Dom Quixote.

[3] Auerbach, E. (1997). Figura. São Paulo: Ática.

[4] Barrento, J. (Org.) (2009). O que é uma figura? Diálogos sobre a obra de Maria Gabriela Llansol na Casa da Saudação. Lisboa: Mariposa Azual.

[5] Bauman, Z. (1998). O mal-estar na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

[6] Fernandes, E. B. (2015). A ficção de António Lobo Antunes: da coreografia dos espectros à caligrafia dos afectos. Universidade de Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Tese de Doutoramento.

[7] Martins, R. C. (2011). Que farás, América, quando arder tudo? In A. P. Arnaut (Ed.), António Lobo Antunes: a crítica na imprensa (1980–2010): cada um voa como quer. Coimbra: Almedina.

[8] Mexia, P. (2011). As vozes. O Meu Nome É Legião. In A. P. Arnaut (Ed.), António Lobo Antunes: a crítica na imprensa (1980–2010): cada um voa como quer. Coimbra: Almedina.

[9] Mbembe, A. (2014). Crítica da razão negra. Trad. M. Lança. Lisboa: Antígona.

[10] Santos, B. de S. (1990). Onze teses por ocasião de mais uma descoberta de Portugal. Oficina nº 21. Coimbra: Publicação seriada do Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra.

[11] Tinhorão, J. R. (1997). Os negros em Portugal: uma presença silenciosa. Lisboa: Caminho.