O falar raiano de Marvão - Valencia de Alcántara : uma variedade linguística em perigo

Title: O falar raiano de Marvão - Valencia de Alcántara : uma variedade linguística em perigo
Variant title:
  • The border dialect of Marvão - Valencia de Alcántara : an endangered linguistic variety
Author: Simão, Teresa
Source document: Études romanes de Brno. 2020, vol. 41, iss. 1, pp. 61-86
Extent
61-86
  • ISSN
    1803-7399 (print)
    2336-4416 (online)
Type: Article
Language
 

Notice: These citations are automatically created and might not follow citation rules properly.

Abstract(s)
Na região de Marvão / Valencia de Alcántara, a fronteira linguística não corresponde à geopolítica, daí que uma variedade do Português usada no Nordeste do Alentejo se tenha expandido para Espanha e caracterizado uma zona considerável do território de Valencia de Alcántara. Integrado nos dialetos portugueses centro-meridionais, na variedade da Beira Baixa e Alto Alentejo, partilha a maior parte das suas características, todavia, demarca-se dos falares dos concelhos circundantes por algumas particularidades nos domínios fonético-fonológico e léxico-semântico. Como esta variedade linguística se encontra vulnerável em território português e está seriamente em perigo em território espanhol, é urgente que se deem passos concretos com vista à sua revitalização. O presente artigo pretende dar a conhecer o panorama linguístico da região, apresentar as principais características fonético-fonológicas, morfossintáticas e léxico-semânticas deste falar raiano, bem como apontar alguns caminhos para inverter a tendência de desaparecimento.
The linguistic border in Marvão / Valencia de Alcántara does not correspond to the geopolitical border between Portugal and Spain. This is explained by the fact that a Portuguese linguistic variety used in the Northeast part of Alentejo expanded to Spain and characterizes a large region in Valencia de Alcántara. The variety of Marvão / Valencia de Alcántara belongs to the Southern Centre Portuguese dialects (Beira Baixa and Alto Alentejo), and therefore shares their main characteristics. However, it differs from the varieties spoken in the surrounding villages due to some particularities at both phonetical-phonological and lexical-semantic levels. As this linguistic variety is vulnerable in Portugal and it is seriously endangered in the Spanish territory, it is urgent to implement some measures to reverse the situation and contribute to its revitalization. This paper aims to describe the linguistic situation of the region, to present the main phonetical-phonological, morphosyntactic and lexical-semantic features of this border dialect, and to show some possible strategies to reverse the disappearance trend that the variety of Marvão/Valencia de Alcántara is facing.
References
[1] Alonso de la Torre, J. (2006). La Frontera que nunca existió. Mérida: Editora Regional Extremeña.

[2] Alves, A. (2013). Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.

[3] Amante, M. F. (2007). Fronteira e Identidade – Construção e Representação Identitárias na Raia Luso-Espanhola. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

[4] Azevedo, M. L. (2005). Toponímia Moçárabe no Antigo Condado Conimbricense. Dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

[5] Baptista, C. (1967). O Falar da Escusa. Dissertação de licenciatura apresentada à Universidade de Lisboa.

[6] Boléo, M. P. (1942). O Estudo dos Dialectos e Falares Portugueses. Coimbra: Universidade de Coimbra.

[7] Boléo, M. P. (1951). Dialectologia e História da Língua. Isoglossas Portuguesas. Boletim de Filologia, XII, 1–44.

[8] Boléo, M. P. (1974). Estudos de Linguística Portuguesa e Românica. Vol. I Dialectologia e História da Língua. Coimbra: Acta Universitatis Conimbrigensis.

[9] Bueno Rocha, J. (2000). Notas para la Historia de Valencia de Alcántara. Cáceres: Diputación Provincial de Cáceres (Institución Cultural el Brocense).

[10] Cabral, C. B. (2011). Património Cultural Imaterial – Convenção da Unesco e seus contextos. Lisboa: Edições 70.

[11] Carrasco González, J. (1997). Hablas y Dialectos Portugueses o Galaico-Portugueses en Extremadura (Parte II y última: Otras Hablas Fronterizas; Conclusiones. Anuario de Estudios Filológicos, XX, 61–79.

[12] Carrasco González, J. (2006). Evolución de las hablas fronterizas luso-extremeñas desde mediados del siglo XX: Uso y pervivencia del dialecto. Revista de Estudios Extremeños, LXII, 2, 623–635.

[13] Carrasco González, J. (2007). Falantes de dialectos fronteiriços da Extremadura espanhola no último século. Limite: Revista de Estudios Portugueses y de la Lusofonía, 1, 51–69.

[14] Casteleiro, J. M. (coord.) (2001). Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. 2 vols. Lisboa: Editorial Verbo/ Academia das Ciências de Lisboa.

[15] Cayetano Rosado, M. (2007). Emigración extremeña en el siglo XX – Del subdesarollo heredado a los retos del futuro transfronterizo. Extremadura: Consejería de Bienestar Social. Dirección General de Migraciones. Junta de Extremadura.

[16] Cintra, L. L. (1971). Nova Proposta de Classificação dos Dialectos Galego-Portugueses. Boletim de Filologia, XXII, 81–116.

[17] Cintra, L. L. (1983). Estudos de Dialectologia Portuguesa. (2.ª ed.) Lisboa: Sá da Costa Editora.

[18] Coelho, P. L. (2001). Terras de Odiana – Subsídios para a sua história documentada. Medobriga-Aramenha-Marvão Ibn Maruan – Revista Cultural do Concelho de Marvão, 11 (ed. especial). Lisboa: Câmara Municipal de Marvão, Edições Colibri. (fac-simile da edição de 1924)

[19] Correia, M. (1999). A denominação das qualidades – contributos para a compreensão da estrutura do léxico português. Lisboa. Dissertação de Doutoramento em Linguística Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

[20] Costas González, X. H. (2013). O valego. As falas de orixe galega no Val do Ellas (Cáceres – Estremadura). Vigo: Edicións Xerais de Galicia.

[21] Cunha, C.; & Cintra, L. (1985). Breve Gramática do Português Contemporâneo (18ª ed.). Lisboa: Edições João Sá da Costa (2006).

[22] Figueiredo, C. (1996). Grande Dicionário da Língua Portuguesa. 25.ª edição. 2 vols. Venda Nova: Bertrand Editora.

[23] Galavís Bueno, F. (2010). Consideraciones sobre el Barrio Gótico de Valencia de Alcântara. Badajoz: edição de autor.

[24] Gargallo Gil, J. E. (1999). Las hablas de San Martín de Trevejo, Eljas y Valverde del Fresno. Trilogía de los tres lugares. Estudios y documentos sobre "A Fala". Mérida: Editorial Regional de Extremadura, vol. 1.

[25] Oliveira, J.; Pereira, S.; & Parreira, J. (2007). Ibn Maruán – Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 14, Nova Carta Arqueológica do Concelho de Marvão. Lisboa: Edições Colibri, Câmara Municipal de Marvão.

[26] Isquerdo, A.; & Krieger, M. G. (orgs.) (2004). As Ciências do Léxico – Lexicologia, Lexicografia, Terminologia, vol. II. Campo Grande: Editora U.F.M.S.

[27] Lopes, D. (1921–22). Toponímia árabe de Portugal. Revista Lusitana, vol. 24.

[28] Lopes, D. (1930). Alguns vocábulos arábico-portugueses de natureza religiosa, étnica e lexicológica. Revista da Universidade de Coimbra, XI.

[29] Machado, J. P. (1952). Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa: com a mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos vocábulos estudados (2ª edição). Lisboa: Livros Horizonte (1967).

[30] Machado, J. P. (1991). Vocabulário Português de Origem Árabe. Lisboa: Editorial Notícias.

[31] Madoz Ibáñez, P. (1845–1850). Diccionario geográfico estadístico histórico de España y sus posesiones de Ultramar, 16 vols. Madrid: Establecimiento tipográfico de P. Madoz y L. Sagasti.

[32] Maia, C. A. (1977). Os falares fronteiriços do concelho do Sabugal e da vizinha região espanhola de Xálima e Alamedilla. Revista Portuguesa de Filologia, Suplemento IV.

[33] Martín Galindo, J. (1999). A Fala de Xálima – O falar fronteirizo de Valverde, Eljas y San Martín de Trevejo. Cáceres: Junta de Extremadura.

[34] Medina García, E. (2006). Orígenes históricos y ambigüedad de la frontera hispano-lusa (La Raya). Revista de Estudios Extremeños, LXII, 2, 713–724.

[35] Navas Sánchez-Élez, M. V. (2000). Procesos de creación de las lenguas fronterizas. Revista de Filología Románica, 17, 367–393.

[36] Ossenkop, C. (2006). La situación lingüística actual de las variedades portuguesas en la franja fronteriza de Valencia de Alcántara. Revista de Estudios Extremeños, LXII, 2, 661–681.

[37] Rio-Torto, G. (1993). Formação de Palavras em Português. Aspectos da Construção de Avaliativos. Tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

[38] Rio-Torto, G. (1998). Morfologia Derivacional – Teoria e Aplicação ao Português. Porto: Porto Editora.

[39] Rio-Torto, G. (2006). O Léxico: semântica e gramática das unidades lexicais. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos.

[40] Salvador Plans, A.; Carrasco González, J.; & García Oliva, M. (Coords.) (2000). Actas del Congreso sobre "A Fala". 20 y 21 de mayo de 1999. Eljas – San Martín de Trebejo – Valverde del Fresno. Mérida: Editora Regional de Extremadura y Gabinete de Iniciativas Transfronterizas de la Junta de Extremadura.

[41] Sidarus, A. (1991). Amaia de Ibn Maruán: Marvão. Ibn Maruán – Revista Cultural do Concelho de Marvão, nº 1, 13–26.

[42] Simão, T. (2010). O Falar de Marvão. Dissertação de mestrado apresentada à Universidade de Évora.

[43] Simão, T. (2011). O Falar de Marvão – pronúncia, vocabulário, alcunhas, ditados e provérbios populares. Lisboa: Edições Colibri.

[44] Simão, T. (2015). O Falar de Marvão – Património Imaterial Raiano. Tese de doutoramento apresentada à Universidade de Évora.

[45] Simão, T. (2016). Dicionário do Falar Raiano de Marvão. Lisboa: Edições Colibri.

[46] Sousa, J.; & Moura, J. (2004). Vestigios da Lingoa Arabica em Portugal. Lisboa: Livraria Alcalá. (facsimile da edição de 1830)

[47] Vargens, J. B. (1999). Arabismos na língua portuguesa (subsídios para um estudo do léxico português de origem árabe). Tese de doutoramento apresentada à Universidade de Lisboa.

[48] Vasconcelos, J. L. (1890–1892). Dialectos Alentejanos. Revista Lusitana II, 15–45.

[49] Vasconcelos, J. L. (1896). Dialectos Alemtejanos. Revista Lusitana IV, 13–77; 215–246.

[50] Vasconcelos, J. L. (1897). Mapa dialectológico do Continente Português. Lisboa: Guillard, Aillaud & Cia.

[51] Vasconcelos, J. L. (1901). Esquisse d'une Dialectologie Portugaise (3.ªed.) Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica – Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (1987).

[52] Vasconcelos, J. L. (1929). Opúsculos – vol. IV Filologia. Coimbra: Imprensa da Universidade.

[53] Vilela, M. (1995). Ensino da Língua Portuguesa: Léxico, Dicionário, Gramática. Coimbra: Almedina.

[54] Villar, M. (Dir.) (2011). Dicionário do Português Atual Houaiss. 2 vols. Lisboa: Círculo de Leitores/ Sociedade Houaiss-Edições Culturais, Lda.